Na última terça-feira dia 3 de outubro Duetto Comunicação e Punto e Filo apresentaram para a imprensa, com uma visita exclusiva à Casa de Tomie Ohtake, a nova coleção de tapetes Meandros desenhada por Rodrigo Ohtake. A visita foi guiada pelo próprio Rodrigo, que compartilhou detalhes da criação da coleção, que é a segunda em parceria com a Punto e Filo, da construção da casa, que é um ícone da arquitetura, e vida da família Ohtake.
Coleção Meandros
Juntamente com a equipe de criação do escritório Ohtake, Rodrigo criou 20 modelos de tapetes que exploram curvas e cores marcantes, com fluidez e sinuosidade.
“Diferentemente da primeira coleção, quis fazer de uma forma mais artística, com composições cromáticas inusitadas, de maneira intuitiva. Foi um trabalho muito livre, feito por meio de desenhos”, conta Rodrigo
Como arquiteto Rodrigo citou a dificuldade de desenhar em 2D já que é costumado projetar ambientes e a pensar em três dimensões, mas dessa “dificuldade” surgiu a ideia de adicionar profundidade aos tapetes criando texturas com diferentes alturas dos fios.
A paleta de cores da coleção é ousada, e explora composições fora do comum.
“Eu gosto de fazer algumas combinações mais ousadas, com inspiração em Alfredo Volpi, um dos maiores coloristas da história da arte brasileira e que sempre fez combinações muito inusitadas. Tivemos uma troca bem interessante com a marca, até chegarmos nas nuances finais. Além disso, nessa coleção a altura dos pelos são livres, o comprador vai poder escolher como quer de forma personalizada”, conta o arquiteto. Nascido em uma família de artistas com um legado que atravessa 3 gerações, neto da artista plástica Tomie Ohtake, e filho do arquiteto Ruy Ohtake, Rodrigo perpetua sua herança artística em suas criações e revela
“É impossível desassociar esse legado familiar que é importante até culturalmente e está presente nas peças não de forma racional, mas de uma forma plástica que reflete essa história da família. É possível identificar raízes e pontos de convergência”.
A Casa como Um Ícone da Arquitetura
Apesar de ter sido construída na década de 70, a casa mantém uma contemporaneidade surpreendente. Com espaços conectados e ambientes internos voltados para o jardim, onde se encontra a piscina, a residência combina funcionalidade e estética de forma única.
Rodrigo contou detalhes da criação do projeto que possui proporções pensadas no design inteligente e sustentabilidade, como o pé direito que varia entre 2,10m na parte mais baixa, altura de uma porta padrão, e 2,40m na parte mais alta, 30 cm de diferença que é a largura da tábuas de madeira usadas nas formas de concreto armado, que não foram cortadas para serem reutilizadas em toda a obra.
Um dos aspectos mais notáveis na casa são os quartos extremamente pequenos, dois quartos cada um com cama de solteiro, divididos por um banheiro, eles foram projetados única e exclusivamente como dormitórios, incentivando assim que as pessoas aproveitassem os ambientes sociais da casa. O quarto da Tomie era um pouco maior, com uma cama de viúva, mas também seguia a mesma premissa.
O primeiro ateliê que faz parte da construção original da casa tem o piso rebaixado, e consequentemente um pé direito mais alto, aliás a casa foi construída justamente pela necessidade que Tomie tinha de ter um ateliê para trabalhar em suas criações.
A casa tem duas ampliações que não alteraram a planta original do imóvel, ambas para criar ambientes maiores, a primeira delas adicionando uma sala de jantar, e a segunda outro ateliê.
Preservando a memória de Tomie Ohtake
A casa de Tomie é um santuário de memória e criatividade. Os objetos e obras de arte que preenchem a casa evocam a presença constante da artista. Tomie foi a última pessoa que tocou os pincéis que são preservados até hoje da mesma maneira.
A sala de jantar original, tinha a mesa iluminada por claraboias, criando uma luz especial que banhava Tomie quando ela se sentava à cabeceira para tomar seu café da manhã. Essa característica única da sala de jantar é lembrada com carinho por rodrigo seu neto, que não teve oportunidade de vivenciar essa cena pois ainda não havia nascido.
A segunda ampliação que trouxe um atelier maior, onde Tomie Ohtake se mudou com sua cama, para acordar e dormir com o sol, e viveu seus últimos dias, criando até o final de sua vida.
Surpreendentemente, os tapetes da coleção Meandros, que foram apresentados durante o evento, não foram originalmente projetados para a casa, mas, de alguma forma, se encaixaram perfeitamente nos ambientes, acrescentando um toque artístico adicional à residência.
A visita à casa de Tomie Ohtake não apenas proporcionou uma visão única da arquitetura e da história da família Ohtake, mas também destacou a continuidade e o legado da arte, arquitetura e design brasileiros. A casa é mais do que uma residência – é um espaço onde a memória e a criatividade se fundem, perpetuando o espírito de Tomie Ohtake para as gerações futuras.
Essa experiência exclusiva de conexão com a história e a arte tornou o lançamento da coleção Meandros ainda mais significativo, reforçando os laços a Punto e Filo e a família Ohtake, uma parceria que continua a inspirar e inovar no mundo do design brasileiro.
Por Iara Passos @iara-passos